Menezes é professor das Redes
Pública e Particular de Ensino. Foto: Arquivo do autor
Nesta entrevista que segue, concedida ao editor deste site Natanael Lima Jr., Menezes fala sobre o seu sentimento de lançar mais um novo livro de crônicas, “Uma canção, por favor”, Ed. Vedas, entre outros assuntos.
Douglas Menezes nasceu no Cabo de Santo Agostinho. Formado em Letras pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e em Comunicação Social pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É pós-graduado em Literatura Brasileira e Produção Textual. É membro fundador da Academia Cabense de Letras (ACL). Publicou as seguintes obras: “Crônica do Silêncio”, “O Último Ritual”, “Lua de Pedra”, “Voo para a Ternura”, “Cidade do Cabo de Santo Agostinho, uma Declaração de Amor”, “Análise Sintática”, “A Intratextualidade em Graciliano Ramos”, Redação Essencial”, “Graciliano Ramos, o Cidadão Escritor”, “Literatura para o Vestibular”. Participou de algumas coletâneas. Ocupou vários cargos públicos em sua cidade, incluindo Secretário de Cultura. É professor da Rede Estadual e da Rede Particular.
DCP – Qual o seu sentimento de lançar mais uma nova obra?
DM - É como ser pai de novo. Não pensava mais em publicar, mas o incentivo dos amigos me motivou a essa nova e fascinante aventura de produzir um livro. O facebook já há anos me tirou da publicação impressa. Produzia tão-somente para as redes sociais e alguns blogs.
DCP – Como iniciou a ideia de publicar este livro de crônicas?
DM - Na verdade, resisti um bocado. Os amigos insistiram. Aí, selecionei algumas crônicas e toquei o projeto, que está próximo de ser realizado em sua fase final. Tenho material para, pelo menos cinco livros, não foi difícil juntar o deste livro.
DCP – Fale um pouco sobre o seu livro “UMA CANÇÃO, POR FAVOR”
DM – A crônica que dá título ao livro é um grito contra uma conjuntura que sufoca o homem do cotidiano, com referência à canção popular. Aliás, todo o livro dialoga com a música. Vários textos fazem referências à MPB, a autores que influenciaram a vida do cronista. Sempre numa visão crítica, de um certo pessimismo. Por sinal, há, nas crônicas, um quê de saudosismo, um memorialismo sentimental da cidade que não existe mais, meio triste, um final de feira melancólico, um agarra-se ao passado recente, como se ele pudesse voltar. Procurei, porém, diversificar os textos, em vários temas, de modo que o leitor tenha uma visão do que eu penso sobre a vida. Dizer, enfim, da presença da subjetividade, da necessidade de me contar para os outros. Coisa difícil de ocorrer no meu cotidiano.
DCP – Você é um escritor que divulga muitos textos na internet, mas publica agora um livro impresso. Em sua opinião a internet ajuda ou não o escritor?
DM – Ajuda e muito. Nunca fui tão lido em minha vida. Além de participar de debates quase no mesmo instante das postagens. O alcance é enorme. Já produzi textos com quase 18 mil curtidas e dezenas de comentários. É um espaço democrático e de grande circulação. Não seria tão lido através de livros.
DCP – Que balanço você faria sobre o atual mercado editorial brasileiro para os novos autores?
DM – Acho legal o surgimento de pequenas editoras, com edições de poucos exemplares. Dá condições dos novos mostrarem seus trabalhos. A crise editorial é grande, vem na esteira da crise econômica. Vivemos da divulgação dos clássicos. Temos um povo que não lê.
DCP – Em 1992 você recebeu um importante Prêmio Literário, promovido pelo Governo do Estado e o Jornal Diario de Pernambuco, sobre os “cem anos do escritor Graciliano Ramos”. O que representou essa conquista para você?
DM – É sempre bom ganhar, principalmente concorrendo com mais de 600 pessoas. Fui voto de aplauso na Assembleia Legislativa. Foi bom, mas não mudou nada em minha vida. Valeu pela exposição na época. Gostei, porém não me iludi.
“Mucuripe é um porto, uma praia, um sonho,
uma vista além do horizonte cearense. Barcos a pescar partindo, frágeis embarcações de retorno incerto, vida talvez sem volta.
Jangadas indo, só indo, parecendo, cada uma delas, uma despedida final. Encantamento que nem as décadas conseguem afastar.
Desejo de conhecê-lo, não à toa.
Que faço eu num porto ou numa jangada a não ser alimentar devaneios
e ausências sentidas?
Pois levou-me ali, a olhar navios e montar pequeno barco,
a singeleza de uma modinha que ouvi uma vez numa noite chuvosa.
E por que não dizer triste, na melancolia de mal do século? (...)”
(Fragmento da crônica “Aquela estrela”, extraída do livro “UMA CANÇÃO, POR FAVOR”)
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