A secretária de Educação do Cabo de Santo Agostinho, Sueli Nunes, recebeu em seu gabinete nesta quinta-feira (09/03), a consultora do Ministério da Educação e Cultura (MEC), Edileuza Penha de Souza. A visita faz parte de uma pesquisa do MEC em 10 estados do Nordeste e Norte sobre as políticas públicas étnico-raciais que estão sendo adotadas nas escolas.
“O Ministério da Educação tem observado que em muitas escolas públicas há o descumprimento da Lei de Diretrizes e Base, em seu artigo 26-A, que obriga o ensino da história e cultura afro-brasileira, e indígena”, destacou Edileuza de Souza. As capitais e municípios com comunidades quilombola ganharam um enfoque maior na pesquisa, a exemplo do Cabo de Santo Agostinho, que possui a comunidade quilombola Onze Pretas, a única em área urbana.
A reunião foi acompanhada pela representante da gerência de Políticas de Educação de Campo da Secretaria Estadual de Educação, Zélia Freitas; coordenador do Grupo de Estudos e Trabalhos Afroindígena (Getai) da Secretaria municipal de Educação, Samunel do Nascimento Pereira e a professora Lídia Santos, também integrante do Getai.
Sueli Nunes entregou a consultora do MEC um relatório com as ações desenvolvidas nas escolas municipais. “É necessário que esses temas sejam evidenciados em sala de aula”, destacou a secretária. Atento ao que determina a lei, o município do Cabo adota em sua rede de ensino práticas de valorização da cultura afro-brasileira, estimula a discussão do tema étnico-racial por meio de expressões artísticas, utilização de material didático, conscientização da comunidade, formação dos professores, gestores e coordenadores.
“Também reativamos o Conselho Municipal de Promoção Racial e temos o Getai, um grupo de nossa secretaria que há sete anos desenvolve esse trabalho de conscientização da cultura negra junto à comunidade escolar e sociedade civil”, ressaltou a secretária de Educação. A consultora do MEC, Edileuza Souza, pode ver de perto duas dessas experiências. A Escola Técnica Estadual Epitácio Pessoa, no Centro do Cabo, que desenvolve há cinco anos o projeto Consciência Negra. O trabalho de arte dos alunos ficou em 10º lugar entre escolas de todo o País num concurso promovido pelo Ministério da Educação.
A outra escola com referência em políticas de promoção da cultura étnico-racial é a Padre Henrique Vieira, da comunidade quilombola Onze Negras. A escola tem 98 alunos da educação infantil, educação especial e do 1º ao 6º ano do ensino fundamental 1. Na Padre Henrique, a construção do aprendizado é baseada na própria raiz histórica das 460 famílias que vivem na comunidade quilombola. “Todos os professores daqui são comprometidos com a cultura afro- brasileira”, afirmou a presidente da comunidade Onze Pretas, Maria José da Silva Barros.
“No País de diversidade, a diversidade deve está nas escolas. Fico feliz de estar ouvindo e vendo o trabalho que está sendo desenvolvido no Cabo de Santo Agostinho. Me sinto contemplada e com as melhores das impressões”, disse a consultora do MEC.
Texto: Ana Cristina Lima
Fotos: Léo Domingos
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