O Cabo de Santo Agostinho aguarda desde 2017 a liberação de R$ 13,8 milhões para obras de estabilização e contenção de encostas. Os recursos fazem parte da 2ª etapa do projeto aprovado pelo Ministério das Cidades (agora Ministério do Desenvolvimento Regional), dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Entre as características geográficas da área urbana do município – onde moram 86% da população – está a formação de morros.
O prefeito em exercício Keko do Armazém explica que apesar dos muitos pontos de risco – são mais de 1.000 catalogados pela Defesa Civil municipal – o Cabo não tem registrado incidentes com vítimas fatais, neste período de inverno, a exemplo do que ocorreu em outros municípios da Região Metropolitana do Recife.
“Mas isto não quer dizer que a população está segura. Estamos cumprindo o nosso papel, monitorando áreas, colocando lonas plásticas, fazendo obras de muro de arrimo
em algumas localidades, mas sabemos que não é o suficiente”, diz Keko do Armazém. Na próxima terça-feira (06/08), o prefeito do Cabo vai à Brasília para uma reunião com o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Regional, Mauro Biancamano. “Já cumprimos todas as etapas burocráticas do processo. Agora esperamos que o Ministério do Desenvolvimento Regional compreenda a nossa urgência em realizar as obras e dê o aval que a Caixa Econômica Federal precisa para a liberação dos R$ 13, 8 milhões”, enfatizou Keko do Armazém.
A 2ª etapa do projeto de contenção de encostas do Cabo de Santo Agostinho compreende 29 localidades de alto risco (tidas como nível 4, o mais grave). Nessas áreas, cerca de 2.226 famílias com casas construídas ao “pé” das barreiras sofrem com o risco iminente do deslizamento. Se isto acontecer, o número de vítimas seria bem superior a esta população catalogada pela Superintendência de Habitação do município.
Moradora da Travessa Marquês do Herval, no Centro, a doméstica Elisabeth Morais dos Anjos, vê a cada chuva neste inverno, o perigo se aproximando. O deslizamento do barro cobriu o quintal da sua casa. “ Não durmo quando chove. Comprei essa casa há um ano porque não tinha dinheiro para comprar noutro lugar. Moro só, não tenho trabalho fixo”, disse ela, mostrando a situação da cozinha e do piso, por onde mina água devido ao solo encharcado. “É preciso ter esperança. Espero que o governo (federal) entenda a nossa situação e libere esse dinheiro pra Prefeitura ajudar a gente”.
Maria da Conceição de Melo, 57 anos, teve que abandonar seu imóvel, ano passado, depois que a Defesa Civil identificou o risco de desabamento. “Minha casa está fechada há um ano. Tem rachaduras por toda parte. Agora estou morando de aluguel do outro lado da rua. E, quando cai uma tempestade, ficamos, eu e minha filha, rezando para que a casa não desabe”, disse.
“Não podemos esperar que o pior aconteça”, diz o prefeito Keko. Ele conta que a Prefeitura realizou um levantamento nas localidades que englobam o projeto de contenção de encostas para ver a situação atual depois das chuvas de julho. O resultado será apresentado a Mauro Biancamano. “Hoje as pessoas que moram nessas áreas de alto risco não dormem quando chove. Estão sempre em alerta, com medo por suas casas e suas famílias. E nós, como poder público, precisamos fazer a nossa parte. Tenho certeza de que o Governo Federal vai destravar os recursos que o Cabo precisa para fazer as obras de encostas”, falou o prefeito do Cabo.
Texto: Ana Cristina Lima
Fotos: Gilberto Crispim
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