O Cabo de Santo Agostinho vai realizar um estudo para identificar anomalias no desenvolvimento dentário das crianças que adquiriram a microcefalia causada pelo vírus Zika. Na manhã desta   quarta-feira (28/03), a equipe do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), no centro do Cabo, deu início as primeiras consultas.
O município tem catalogado 10 casos da síndrome congênita do Zika vírus em crianças. “Este acompanhamento se faz necessário, já que a microcefalia apresenta o crescimento ósseo da cabeça, diferente. Será um processo de investigação para identificar os problemas futuros que estes bebês e crianças podem desenvolver ou estão desenvolvendo”, explica o professor da Universidade de Pernambuco (UPE) e coordenador do CEO, Willian Freitas. Além do professor da UPE, a equipe é formada pelas dentistas Bruna Gaspar, Manoela Morais e a odontopediatra, especialista em crianças com deficiência, Juliana Andrade.
Numa segunda fase, a equipe de odontólogos irá realizar o comparativo das crianças com a síndrome congênita do Zika vírus, e as crianças com microcefalia provocada por outros fatores. “Acredito que, a partir do que for observado, poderemos desenvolver um projeto de extensão científica”, diz Willian Freitas.
As mães também receberão atendimento odontológico, aproveitando a oportunidade, já que elas dedicam 100% do seu tempo para o tratamento das crianças. “Geralmente elas não têm a oportunidade de ir ao dentista. Dessa maneira iremos tratar mãe e filho”, explicou o professor.
A coordenação de Saúde da Criança e do Adolescente está localizando os casos de microcefalia por ZiKa vírus. Nesta quarta-feira (28), apenas quatro pacientes compareceram ao CEO. A Secretaria de Saúde quer agir preventivamente, no sentido de oferecer o tratamento adequado para a boa formação da dentição dos bebês e crianças com microcefalia.
Uma delas foi a pequena Caroline Oliveira, de 2 anos. Durante a consulta, a mãe, Erone Maria de Oliveira contou que a filha apresenta problemas de mastigação e o primeiro dente a nascer foi um molar, quando ela tinha 1 ano de idade. Normalmente o primeiro dente a nascer é o inciso inferior, entre 6 e 7 meses. Em algumas crianças pode acontecer a partir dos 4 meses de idade.
A má formação dentária pode levar a problemas futuros na fala, digestão, interferências na alimentação e outras situações associadas. A coordenadora de Saúde Bucal da Secretaria de Saúde, Suely Carneiro Leão, enfatiza que a iniciativa tem o propósito de acompanhar, em todos os níveis, o desenvolvimento das crianças do município com microcefalia.

Texto: Ana Cristina Lima/Secom
Fotos: Léo Domingos